Fotografia/ Gilberto Silva e Francisco Moreira
A Bahia é conhecida por seus sabores marcantes, suas cores vibrantes e sua energia contagiante. Mas como esses elementos podem ser traduzidos para o universo da cerveja artesanal? A Proa Cervejaria, apresentada no SCREAM Festival 2024, trouxe essa resposta ao explorar a riqueza de ingredientes regionais em suas criações, conquistando não só o paladar local, mas também o cenário mundial.
Fundada por Débora Lehnen, mestre cervejeira e química de formação, a Proa desafia a “maré da mesmice” ao utilizar insumos típicos da Bahia para criar receitas inovadoras e autênticas. “A Bahia me traz muita inspiração nas frutas, especiarias, no cacau… coisas que eu não tive contato em outros lugares da minha vida”, explicou Débora em sua palestra no SCREAM 2024.
Entre os destaques da Proa está a cerveja “Jaca Sou Brasileira”, que utiliza jaca em todas as etapas da produção – da fervura à fermentação. “Lá no Rio Grande do Sul, a jaca era quase uma peça de museu, super cara. Aqui na Bahia, na estação de jaca, ela está em todas as esquinas. Isso me inspirou a transformar essa fruta tão admirada em cerveja”, comentou Débora.
Outro exemplo é a linha de sours com sabores regionais, como a sour de caju, que foi premiada no World Beer Awards como a melhor do mundo em sua categoria. Débora compartilhou seu orgulho: “É um prêmio que realmente merece ser falado, porque mostra como conseguimos traduzir a essência da Bahia em algo tão especial.”
O uso de ingredientes como pimenta, cacau e frutas tropicais não só conecta a Proa à cultura local, mas também amplia o repertório sensorial dos consumidores. “Queremos que as pessoas sejam tão apaixonadas por cerveja quanto nós”, afirmou Débora.
A Proa demonstra que inovar é, muitas vezes, olhar para as raízes e valorizar o que é local. Para Débora, o movimento “Beba Local” é mais do que um slogan, é um convite para que todos celebrem a cultura e a produção regional. “Já parou para pensar se você consome produtos locais no dia a dia? Valorize o que é da terra, o que é nosso!”, concluiu.