Jornalismo Profissional no Combate à Desinformação: Desafios e Soluções - Scream Festival

Jornalismo Profissional no Combate à Desinformação: Desafios e Soluções

Fotografia/ Francisco Moreira e Gilberto Silva

A desinformação é um fenômeno global que ameaça a qualidade do debate público e a democracia. No Brasil, o papel do jornalismo profissional é mais crucial do que nunca para garantir que a população tenha acesso a informações de qualidade. Durante o Scream 2024, especialistas e jornalistas se reuniram para discutir como o jornalismo pode se fortalecer frente ao crescimento das fake news e os desafios que as plataformas digitais impõem.

Ana Raquel, Diretora de Jornalismo da Rede Bahia compartilhou a visão sobre o papel vital do jornalismo na luta contra a desinformação: “Quando a gente fala de fake news, é crucial que tenhamos fontes confiáveis e uma verificação de fatos constante. O G1, por exemplo, alcançou 24 milhões de page views no mês de outubro, o que demonstra que as pessoas buscam validação nos veículos tradicionais de comunicação.”

Ela ressaltou ainda que o consumo de informação no Brasil mudou significativamente com o crescimento das redes sociais. “As pessoas consomem muito mais informações por redes sociais, mas, frequentemente, buscam validar essa informação em veículos tradicionais de mídia. Isso demonstra a confiança que o público ainda deposita nos jornais e nas plataformas que seguem uma ética profissional”, afirmou.

Victor Durigan, do STF, complementou esse raciocínio destacando o papel do Supremo Tribunal Federal nas ações contra a desinformação, tanto no âmbito jurídico quanto na esfera pública. “Ajudar a disseminar informações corretas e trazer o STF para mais perto das pessoas é um esforço essencial. O Supremo tem buscado, com seus parceiros, trazer uma maior troca de experiências e capilarizar a informação para as universidades e entidades em todo o país”, disse Durigan.

O debate, no entanto, não se limita apenas à produção de conteúdo. Ana Raquel explicou que o jornalismo também enfrenta um cenário desafiador, especialmente quando comparado às plataformas digitais. “Os veículos tradicionais são muito regulados. Seguímos guias éticos e somos cobrados em tempo real pelos nossos leitores. Isso nos diferencia das redes sociais, onde qualquer perfil pode criar e espalhar informações falsas”, afirmou.

Outro ponto discutido durante o Scream 2024 foi o custo da produção jornalística. “Fazer jornalismo profissional é caro. Pagamos um alto preço para garantir a qualidade da informação, enquanto plataformas digitais não têm a mesma regulação. Isso cria uma concorrência desleal e prejudica o jornalismo de qualidade”, explicou Raquel.

A regulação das plataformas digitais foi outro tema abordado durante o evento, com destaque para o fato de que enquanto os meios tradicionais de comunicação são submetidos a normas rigorosas, as redes sociais ainda carecem de um sistema robusto de regulamentação. Ana Raquel destacou que as fake news não apenas enganam, mas também podem ter impactos profundos na confiança do público nos meios de comunicação e nas instituições.

Para Durigan, a solução para combater a desinformação passa pela educação midiática e pelo fortalecimento das parcerias entre as instituições. “A troca de conhecimento entre o STF e as universidades é uma das formas mais eficazes de capilarizar a boa informação. A confiança nas instituições e nos meios tradicionais de comunicação é fundamental para fortalecer a democracia”, concluiu.

O Scream 2024 deixou claro que o jornalismo profissional e a regulação eficaz das plataformas digitais são essenciais para o futuro da informação no Brasil. A produção de conteúdo de qualidade, a verificação de fatos e o fortalecimento da confiança do público são passos fundamentais para garantir que a desinformação não ameace a democracia.

Esses debates, promovidos por especialistas e jornalistas durante o evento, colocaram a questão da responsabilidade da mídia e das plataformas digitais em destaque, buscando soluções para um cenário digital mais transparente e justo.