Da sala de aula ao mercado de trabalho: Como a IA está redefinindo carreiras - Scream Festival

Da sala de aula ao mercado de trabalho: Como a IA está redefinindo carreiras

Fotografia/ Francisco Moreira e Gilberto Silva

Ferramenta ou ameaça? O impacto da inteligência artificial na educação e no mundo corporativo foi um dos temas debatidos no Scream Festival 2024

A inteligência artificial (IA) já não é mais uma tecnologia do futuro — ela está presente na rotina de estudantes, professores e profissionais de diversas áreas. Desde a escrita de trabalhos acadêmicos até a automação de tarefas em empresas, a IA generativa está transformando a forma como aprendemos e trabalhamos. Mas essa revolução levanta dúvidas: como equilibrar inovação e ética no ensino? As empresas estão preparadas para essa mudança? E quais habilidades serão mais valorizadas no mercado de trabalho?

Essas questões foram debatidas no painel “Proteção e Inovação: Os Desafios da Regulação da Inteligência Artificial”, realizado durante o Scream Festival 2024. Especialistas apontaram que o maior desafio não é apenas o uso da IA, mas a forma como instituições de ensino e empresas vão incorporá-la de maneira estruturada e segura.

Universidades e o desafio da IA: adaptação ou resistência?

A educação superior está no centro dessa transformação. Para Messias Bandeira, professor da UFBA, as universidades ainda não definiram diretrizes claras sobre o uso da IA, o que gera um cenário de incerteza. Segundo ele, a adoção da tecnologia já está acontecendo de forma espontânea pelos alunos, enquanto as instituições ainda tentam entender como lidar com o fenômeno.

“Os estudantes chegam mais informados e habituados a esses recursos do que os próprios professores. Isso gera um desafio gigantesco para as universidades, que precisam equilibrar inovação e ética na produção do conhecimento”, afirmou Messias no Scream Festival 2024.

Além disso, ele destacou que a IA generativa não é neutra e que seu impacto precisa ser avaliado criticamente pela sociedade.

“Toda tecnologia tem uma dimensão ideológica embutida. Se não tivermos um debate público forte, corremos o risco de adotar um modelo que não nos representa”, alertou.

Empresas ainda resistem à IA – mas por quê?

No mundo corporativo, o impacto da IA também é profundo. Embora muitos profissionais já usem ferramentas como o ChatGPT para tarefas do dia a dia, as empresas ainda demonstram resistência em implementar a tecnologia oficialmente.

Durante o painel do Scream 2024, Paulo, especialista da Pareto, apresentou um levantamento revelador: quando questionados, a maioria dos funcionários afirmou que já utilizou IA generativa para trabalhar, mas poucos relataram que suas empresas fornecem acesso a ferramentas oficiais ou treinamento para isso.

“A mentalidade do próprio empresário ainda é um obstáculo. Muitos funcionários usam IA sem o conhecimento da empresa, e isso pode gerar riscos, especialmente quando se trata de segurança da informação”, destacou Paulo.

Segundo ele, o problema não está na tecnologia em si, mas na falta de uma cultura organizacional que integre a IA de forma segura e estratégica.

“As empresas precisam parar de ver a IA como uma ameaça e começar a usá-la de forma estruturada. Caso contrário, vão perder competitividade”, alertou.

O futuro do trabalho: quais habilidades serão mais valorizadas?

A ascensão da IA está reescrevendo as exigências do mercado de trabalho. Profissões que antes dependiam apenas do domínio técnico agora exigem habilidades complementares, como pensamento crítico, criatividade e capacidade de interpretar resultados gerados por IA.

As empresas que conseguirem treinar suas equipes para conviver com a IA, e não competir com ela, sairão na frente. O mesmo vale para as universidades, que precisam preparar seus alunos para um mercado que já está mudando.

O que fica claro após o Scream Festival 2024 é que a inteligência artificial não é uma tendência passageira, mas uma realidade que exige adaptação rápida de todos os setores. Seja na educação ou no trabalho, a IA não substituirá o ser humano.