Os saveiros e a aceleração social do tempo
Um dos produtos mais misteriosos que os mestres de saveiros transportavam nos barcos ancorados no Porto da Barra de minha infância era o Tempo. Traziam todo tipo de mercadoria para abastecer a feira livre do bairro, vindos das mais longínquas praias, muito além da Ilha de Itaparica, cruzando o Rio Paraguaçu, seus manguezais, circundando arquipélagos e encarando correntezas. Meu pai dizia solenemente que eles vinham das “entranhas do Recôncavo”.
Carregavam nos barcos utensílios de cerâmica, potes de barro, tijolos e telhas, cestas e esteiras de palha, redes de pesca e toda variedade de frutas, raízes, verduras e cereais, farinha de guerra e peixe seco.
Eu e meus irmãos menores recebíamos um salvo conduto para subir nos saveiros, circular entre as mercadorias e, o principal, poder saltar do seu mastro, por sermos “filhos do doutor”, nosso saudoso pai, que lhes fornecia amostras grátis de remédios de verme, xaropes e vitaminas. E apreciava ficar de prosa com os homens do mar.
Gostava de escutar suas resenhas e histórias, de admirar sua intimidade com o barco, com o mar, sua capacidade de decifrar as correntes marítimas, de antecipar riscos. Eles nos transmitiam confiança e tinham a aura de gente boa, acolhedora e receptivos com a criançada. Vinham de outro mundo, tinham cruzado um portal e transportavam em meio a suas mercadorias o Tempo.
Nunca deixei de admirá-los, mesmo havendo escutado a gente grande dizer que eram gente muito sofrida, pobre, levando vida dura em lugares precários, sem estrutura, sem luz elétrica nem água tratada, sem saneamento e sem automóveis. E, mais grave, eles e seus familiares sofriam com lombrigas e vermes no intestino e eram vítimas de um vampiro cujo nome me fazia treme: o barbeiro da Doença de Chagas.
Para mim nada ofuscava sua aura. Eram amigos, corajosos, vinham de algum lugar pacífico, sem horários, sem pressa, sem agonia, sem estresse. Na tarde da 6ª feira, retornavam às entranhas do Recôncavo. Era quando obedeciam à viração do vento que, de repente, inflava as velas dos saveiros e os empurrava mar adentro.
Sensação semelhante eu sentia quando se aproximava o Tempo do veraneio na ilha de Itaparica. Meus irmãos e eu esperávamos ansiosamente pelos dois meses de férias para vivermos aquele tempo próprio de Itaparica.
Bastavam dois dias por lá e a gente fazia a passagem para o ritmo do veraneio. E passávamos a dançar no ritmo do tempo da ilha, solto e fluido, sem preocupação com horários, carros, à época inexistentes por lá, e sem outros ponteiros do relógio que não fossem a passagem dos cardumes de tainha, o fluxo e o refluxo da maré no Boulevard, a safra das mangueiras carregadas, a estridência do canto dos galos pela manhã, o cheiro do pão na venda, os sinos da Matriz do Santíssimo Sacramento, convidando à contrição.
O tempo em si nem existia nem precisava existir, bastavam os acontecimentos, os ritmos vividos estavam costurados: o antes, o durante e o depois. A única premência era viver. Não havia sensação de tédio ou de vazio, as experiências – pescarias, saltos na ponte, mergulhos – produziam um salto do imediato na direção do sentido. Nada era à toa e talvez por isso a infância tivesse abundante repertório. Era um tempo vivido com potência de imaginação.
Seria esta a bem-aventurança do tempo presente do outro lado do Portal? Estar imerso num ritmo, numa respiração de eventos e até às vezes poder pensar o tempo, refletir sobre ele, como se ele existisse, independente do ciclo das marés e das convenções?
Meus companheiros nativos da ilha viviam sua simbiose com o tempo cosmológico, das luas e das marés. Eu, não. Já era contaminado pela ansiedade e sentia o limite de duração dos acontecimentos. Pressentia que aquele mundo ia acabar, que eu ia cruzar a baía e voltar ao asfalto, às rotinas, ao trânsito, ao colégio, às aulas, às provas e à aceleração da vida mediada pelas tecnologias da cidade grande, seus calendários rígidos, pressão, estresse e ansiedade.
Meio século depois, ainda trago os saveiros de minha infância felizmente ancorados nas entranhas deum Recôncavoíntimo. Este contraste da vivência do Tempo sempre me instigou.
Os saveiros e os veraneios da infância retornaram tantos anos depois graças aos textos do sociólogo alemão Hartmut Rosa, da Escola de Frankfurt, sobre o fenômeno da aceleração social do tempo. Ele elabora um diagnóstico de nossa época, pressupondo uma mudança de estrutura do tempo.
Estabelece três dimensões: a aceleração técnica e tecnológica, que influenciou e deu lastro à aceleração das mudanças culturais e, por fim, a aceleração progressiva do ritmo de vida, percebida claramente na sobreposição de atividades no presente.
Com um singelo exercício de “imaginação sociológica”, utilizando apenas nomes de empresas ou produtos protagonistas do fenômeno da aceleração tecnológica, vamos ter: Iphone, Android, YouTube, Google, Spotfy, Instagram, WhatsApp, Smartphones, Facebook, Twitter, IA, Amazon, Apple, Alexa, Uber, etc. São alguns dos atores responsáveis pelas inquestionáveis disrupções e pela radical metamorfose que ocorreu em nossas vidas.
Para Rosa, a aceleração de nosso tempo impregnou todas as áreas com seu próprio ritmo, gerando mudanças substanciais, estilos de vida, valores, atitudes, linguagens sociais, mudanças rápidas e profundas, que provocam o que ele define como compressão social do presente.
A aceleração do ritmo de vida decorre do aumento do número de episódios ou ações e de experiências por unidade de tempo – ler, digitar, consultar sites, conversar, se locomover – tudo ao mesmo tempo, agora. Esta sobreposição de experiências drena qualquer possibilidade de reflexão e de experiência, que dê sentido. O aumento da velocidade provoca o embotamento da percepção, a crise de imaginação, resultando numa vivência inconsistente oca e vazia. A aceleração do tempo repercute, portanto, no aumento de formas de sofrimento psíquico.
Vou fechar o texto com uma profecia de Gilberto Gil, a canção Parabolicamará, de 1992:
“De jangada leva uma eternidade, de saveiro leva uma encarnação, de avião, o tempo de uma saudade…”
Os saveiros e a aceleração social do tempo
Um dos produtos mais misteriosos que os mestres de saveiros transportavam nos barcos ancorados no Porto da Barra de minha infância era o Tempo. Traziam todo tipo de mercadoria para abastecer a feira livre do bairro, vindos das mais longínquas praias, muito além da Ilha de Itaparica, cruzando o Rio Paraguaçu, seus manguezais, circundando arquipélagos e encarando correntezas. Meu pai dizia solenemente que eles vinham das “entranhas do Recôncavo”.
Carregavam nos barcos utensílios de cerâmica, potes de barro, tijolos e telhas, cestas e esteiras de palha, redes de pesca e toda variedade de frutas, raízes, verduras e cereais, farinha de guerra e peixe seco.
Eu e meus irmãos menores recebíamos um salvo conduto para subir nos saveiros, circular entre as mercadorias e, o principal, poder saltar do seu mastro, por sermos “filhos do doutor”, nosso saudoso pai, que lhes fornecia amostras grátis de remédios de verme, xaropes e vitaminas. E apreciava ficar de prosa com os homens do mar.
Gostava de escutar suas resenhas e histórias, de admirar sua intimidade com o barco, com o mar, sua capacidade de decifrar as correntes marítimas, de antecipar riscos. Eles nos transmitiam confiança e tinham a aura de gente boa, acolhedora e receptivos com a criançada. Vinham de outro mundo, tinham cruzado um portal e transportavam em meio a suas mercadorias o Tempo.
Nunca deixei de admirá-los, mesmo havendo escutado a gente grande dizer que eram gente muito sofrida, pobre, levando vida dura em lugares precários, sem estrutura, sem luz elétrica nem água tratada, sem saneamento e sem automóveis. E, mais grave, eles e seus familiares sofriam com lombrigas e vermes no intestino e eram vítimas de um vampiro cujo nome me fazia treme: o barbeiro da Doença de Chagas.
Para mim nada ofuscava sua aura. Eram amigos, corajosos, vinham de algum lugar pacífico, sem horários, sem pressa, sem agonia, sem estresse. Na tarde da 6ª feira, retornavam às entranhas do Recôncavo. Era quando obedeciam à viração do vento que, de repente, inflava as velas dos saveiros e os empurrava mar adentro.
Sensação semelhante eu sentia quando se aproximava o Tempo do veraneio na ilha de Itaparica. Meus irmãos e eu esperávamos ansiosamente pelos dois meses de férias para vivermos aquele tempo próprio de Itaparica.
Bastavam dois dias por lá e a gente fazia a passagem para o ritmo do veraneio. E passávamos a dançar no ritmo do tempo da ilha, solto e fluido, sem preocupação com horários, carros, à época inexistentes por lá, e sem outros ponteiros do relógio que não fossem a passagem dos cardumes de tainha, o fluxo e o refluxo da maré no Boulevard, a safra das mangueiras carregadas, a estridência do canto dos galos pela manhã, o cheiro do pão na venda, os sinos da Matriz do Santíssimo Sacramento, convidando à contrição.
O tempo em si nem existia nem precisava existir, bastavam os acontecimentos, os ritmos vividos estavam costurados: o antes, o durante e o depois. A única premência era viver. Não havia sensação de tédio ou de vazio, as experiências – pescarias, saltos na ponte, mergulhos – produziam um salto do imediato na direção do sentido. Nada era à toa e talvez por isso a infância tivesse abundante repertório. Era um tempo vivido com potência de imaginação.
Seria esta a bem-aventurança do tempo presente do outro lado do Portal? Estar imerso num ritmo, numa respiração de eventos e até às vezes poder pensar o tempo, refletir sobre ele, como se ele existisse, independente do ciclo das marés e das convenções?
Meus companheiros nativos da ilha viviam sua simbiose com o tempo cosmológico, das luas e das marés. Eu, não. Já era contaminado pela ansiedade e sentia o limite de duração dos acontecimentos. Pressentia que aquele mundo ia acabar, que eu ia cruzar a baía e voltar ao asfalto, às rotinas, ao trânsito, ao colégio, às aulas, às provas e à aceleração da vida mediada pelas tecnologias da cidade grande, seus calendários rígidos, pressão, estresse e ansiedade.
Meio século depois, ainda trago os saveiros de minha infância felizmente ancorados nas entranhas deum Recôncavoíntimo. Este contraste da vivência do Tempo sempre me instigou.
Os saveiros e os veraneios da infância retornaram tantos anos depois graças aos textos do sociólogo alemão Hartmut Rosa, da Escola de Frankfurt, sobre o fenômeno da aceleração social do tempo. Ele elabora um diagnóstico de nossa época, pressupondo uma mudança de estrutura do tempo.
Estabelece três dimensões: a aceleração técnica e tecnológica, que influenciou e deu lastro à aceleração das mudanças culturais e, por fim, a aceleração progressiva do ritmo de vida, percebida claramente na sobreposição de atividades no presente.
Com um singelo exercício de “imaginação sociológica”, utilizando apenas nomes de empresas ou produtos protagonistas do fenômeno da aceleração tecnológica, vamos ter: Iphone, Android, YouTube, Google, Spotfy, Instagram, WhatsApp, Smartphones, Facebook, Twitter, IA, Amazon, Apple, Alexa, Uber, etc. São alguns dos atores responsáveis pelas inquestionáveis disrupções e pela radical metamorfose que ocorreu em nossas vidas.
Para Rosa, a aceleração de nosso tempo impregnou todas as áreas com seu próprio ritmo, gerando mudanças substanciais, estilos de vida, valores, atitudes, linguagens sociais, mudanças rápidas e profundas, que provocam o que ele define como compressão social do presente.
A aceleração do ritmo de vida decorre do aumento do número de episódios ou ações e de experiências por unidade de tempo – ler, digitar, consultar sites, conversar, se locomover – tudo ao mesmo tempo, agora. Esta sobreposição de experiências drena qualquer possibilidade de reflexão e de experiência, que dê sentido. O aumento da velocidade provoca o embotamento da percepção, a crise de imaginação, resultando numa vivência inconsistente oca e vazia. A aceleração do tempo repercute, portanto, no aumento de formas de sofrimento psíquico.
Vou fechar o texto com uma profecia de Gilberto Gil, a canção Parabolicamará, de 1992:
“De jangada leva uma eternidade, de saveiro leva uma encarnação, de avião, o tempo de uma saudade…”
Os saveiros e a aceleração social do tempo
Um dos produtos mais misteriosos que os mestres de saveiros transportavam nos barcos ancorados no Porto da Barra de minha infância era o Tempo. Traziam todo tipo de mercadoria para abastecer a feira livre do bairro, vindos das mais longínquas praias, muito além da Ilha de Itaparica, cruzando o Rio Paraguaçu, seus manguezais, circundando arquipélagos e encarando correntezas. Meu pai dizia solenemente que eles vinham das “entranhas do Recôncavo”.
Carregavam nos barcos utensílios de cerâmica, potes de barro, tijolos e telhas, cestas e esteiras de palha, redes de pesca e toda variedade de frutas, raízes, verduras e cereais, farinha de guerra e peixe seco.
Eu e meus irmãos menores recebíamos um salvo conduto para subir nos saveiros, circular entre as mercadorias e, o principal, poder saltar do seu mastro, por sermos “filhos do doutor”, nosso saudoso pai, que lhes fornecia amostras grátis de remédios de verme, xaropes e vitaminas. E apreciava ficar de prosa com os homens do mar.
Gostava de escutar suas resenhas e histórias, de admirar sua intimidade com o barco, com o mar, sua capacidade de decifrar as correntes marítimas, de antecipar riscos. Eles nos transmitiam confiança e tinham a aura de gente boa, acolhedora e receptivos com a criançada. Vinham de outro mundo, tinham cruzado um portal e transportavam em meio a suas mercadorias o Tempo.
Nunca deixei de admirá-los, mesmo havendo escutado a gente grande dizer que eram gente muito sofrida, pobre, levando vida dura em lugares precários, sem estrutura, sem luz elétrica nem água tratada, sem saneamento e sem automóveis. E, mais grave, eles e seus familiares sofriam com lombrigas e vermes no intestino e eram vítimas de um vampiro cujo nome me fazia treme: o barbeiro da Doença de Chagas.
Para mim nada ofuscava sua aura. Eram amigos, corajosos, vinham de algum lugar pacífico, sem horários, sem pressa, sem agonia, sem estresse. Na tarde da 6ª feira, retornavam às entranhas do Recôncavo. Era quando obedeciam à viração do vento que, de repente, inflava as velas dos saveiros e os empurrava mar adentro.
Sensação semelhante eu sentia quando se aproximava o Tempo do veraneio na ilha de Itaparica. Meus irmãos e eu esperávamos ansiosamente pelos dois meses de férias para vivermos aquele tempo próprio de Itaparica.
Bastavam dois dias por lá e a gente fazia a passagem para o ritmo do veraneio. E passávamos a dançar no ritmo do tempo da ilha, solto e fluido, sem preocupação com horários, carros, à época inexistentes por lá, e sem outros ponteiros do relógio que não fossem a passagem dos cardumes de tainha, o fluxo e o refluxo da maré no Boulevard, a safra das mangueiras carregadas, a estridência do canto dos galos pela manhã, o cheiro do pão na venda, os sinos da Matriz do Santíssimo Sacramento, convidando à contrição.
O tempo em si nem existia nem precisava existir, bastavam os acontecimentos, os ritmos vividos estavam costurados: o antes, o durante e o depois. A única premência era viver. Não havia sensação de tédio ou de vazio, as experiências – pescarias, saltos na ponte, mergulhos – produziam um salto do imediato na direção do sentido. Nada era à toa e talvez por isso a infância tivesse abundante repertório. Era um tempo vivido com potência de imaginação.
Seria esta a bem-aventurança do tempo presente do outro lado do Portal? Estar imerso num ritmo, numa respiração de eventos e até às vezes poder pensar o tempo, refletir sobre ele, como se ele existisse, independente do ciclo das marés e das convenções?
Meus companheiros nativos da ilha viviam sua simbiose com o tempo cosmológico, das luas e das marés. Eu, não. Já era contaminado pela ansiedade e sentia o limite de duração dos acontecimentos. Pressentia que aquele mundo ia acabar, que eu ia cruzar a baía e voltar ao asfalto, às rotinas, ao trânsito, ao colégio, às aulas, às provas e à aceleração da vida mediada pelas tecnologias da cidade grande, seus calendários rígidos, pressão, estresse e ansiedade.
Meio século depois, ainda trago os saveiros de minha infância felizmente ancorados nas entranhas deum Recôncavoíntimo. Este contraste da vivência do Tempo sempre me instigou.
Os saveiros e os veraneios da infância retornaram tantos anos depois graças aos textos do sociólogo alemão Hartmut Rosa, da Escola de Frankfurt, sobre o fenômeno da aceleração social do tempo. Ele elabora um diagnóstico de nossa época, pressupondo uma mudança de estrutura do tempo.
Estabelece três dimensões: a aceleração técnica e tecnológica, que influenciou e deu lastro à aceleração das mudanças culturais e, por fim, a aceleração progressiva do ritmo de vida, percebida claramente na sobreposição de atividades no presente.
Com um singelo exercício de “imaginação sociológica”, utilizando apenas nomes de empresas ou produtos protagonistas do fenômeno da aceleração tecnológica, vamos ter: Iphone, Android, YouTube, Google, Spotfy, Instagram, WhatsApp, Smartphones, Facebook, Twitter, IA, Amazon, Apple, Alexa, Uber, etc. São alguns dos atores responsáveis pelas inquestionáveis disrupções e pela radical metamorfose que ocorreu em nossas vidas.
Para Rosa, a aceleração de nosso tempo impregnou todas as áreas com seu próprio ritmo, gerando mudanças substanciais, estilos de vida, valores, atitudes, linguagens sociais, mudanças rápidas e profundas, que provocam o que ele define como compressão social do presente.
A aceleração do ritmo de vida decorre do aumento do número de episódios ou ações e de experiências por unidade de tempo – ler, digitar, consultar sites, conversar, se locomover – tudo ao mesmo tempo, agora. Esta sobreposição de experiências drena qualquer possibilidade de reflexão e de experiência, que dê sentido. O aumento da velocidade provoca o embotamento da percepção, a crise de imaginação, resultando numa vivência inconsistente oca e vazia. A aceleração do tempo repercute, portanto, no aumento de formas de sofrimento psíquico.
Vou fechar o texto com uma profecia de Gilberto Gil, a canção Parabolicamará, de 1992:
“De jangada leva uma eternidade, de saveiro leva uma encarnação, de avião, o tempo de uma saudade…”